Durante as semanas que antecederam a cerimónia dos Oscars (decorrida na noite deste domingo), o Metragens colocou ao dispor dos seus leitores um formulário a ser preenchido com as suas previsões para os vencedores das estatuetas douradas. Com este artigo, pretendemos fazer um resumo dos resultados dessas "apostas" e comparar com os prémios que foram atribuídos.
Em primeiro lugar, temos a destacar os "tiros" certeiros dos nossos leitores, tendo (pela lógica das maiorias) errado apenas em duas categorias. Revelador ou não da previsibilidade da entrega dos prémios deste ano, ou apenas um conhecimento das categorias, dos nomeados e da maneira de pensar de quem realmente vota dentro da Academia. Nunca o saberemos. Ao nível da demografia, há dados claros quanto aos votantes neste formulário do Metragens: o "típico" votante é do sexo masculino (65%) e tem entre 19 e 25 anos de idade (59%). Vamos, então, aos resultados.
Foto: Screen Crush. |
O vencedor do Oscar foi o filme Anna Karenina, que, à semelhança do que acontecia com todos os restantes nomeados, era um filme de época. Algo recorrente no âmbito desta categoria. Longe de ter sido um nome consensual no contexto dos votos dos nossos leitores, o vencedor acabou por coincidir com a opinião de quem nos segue (47%), deixando para trás Os Miseráveis, com uns próximos 35%.
Uma das poucas categorias em que a opinião generalizada falhou. E falhou redondamente. O vencedor foi o filme musical Os Miseráveis, que apenas conseguiu reunir 24% das preferências de quem votou. A (esmagadora) maioria dos votos foi para O Hobbit - Uma Viagem Inesperada (71%), resultando, portanto, numa grande surpresa para a generalidade de quem acompanhou os Oscars.
Mais uma vez, total acordo entre as apostas e o prémio atribuído. A Vida de Pi arrecadou o prémio, nas pessoas de Bill Westenhofer, Guillaume Rocheron, Erik De Boer e Donald Elliott, e foi o filme mais votado (65%). Aquele que mais se aproximou na preferência dos nossos leitores foi o filme Os Vingadores, com "apenas" 24%.
De forma algo surpreendente, A Vida de Pi foi o filme que mais estatuetas arrecadou na 85ª edição. O prémio para Melhor Fotografia também foi entregue à obra de Ang Lee, tal como esperado por quem votou no Metragens. 53% dos votos dirigiram-se para o filme do realizador taiwanês, tendo Lincoln e Anna Karenina ficado com 18%, ainda assim longe daquele que veio a ganhar o prémio. Mais uma aposta certeira.
Suraj Sharma em A Vida de Pi. Foto: Kinobank.org. |
Uma vez mais, o eleito pela Academia foi A Vida de Pi. Não sabemos se, no contexto dos votos nos Oscars, o resultado foi aproximado face aos restantes nomeados; mas sabemos que, para os leitores do Metragens, a vitória não era clara nem óbvia. Ainda assim, uma pequena maioria (35%) acertou no vencedor. 007 - Skyfall ficou-se pelo segundo lugar na preferência dos leitores (29%) e Argo e Lincoln empatados com 18%.
Esta categoria teve, desde muito cedo, um vencedor "anunciado", sendo que a maioria dos especialistas na área apontava a vitória de Adele, com a sua canção "Skyfall" (do filme homónimo da saga 007), como uma quase-certeza. Os leitores pensaram do mesmo modo: 75% dos votos na canção "Skyfall" e um número residual noutros dois títulos, "Before My Time" (do documentário Chasing Ice; 6,3%) e "Suddenly" (uma das músicas de Os Miseráveis, com 18,8%).
As apostas certeiras dos nossos leitores continuam. O vencedor foi Chris Terrio, pela sua adaptação para o filme Argo, e assim pensaram os votantes. 41% acharam que Argo seria o mais provável vencedor, um valor bastante próximo do segundo título, Guia para um Final Feliz, com 35%. Os restantes nomeados ficaram com valores residuais. Uma forma interessante de enquadrar, por parte dos espectadores, estes dois argumentos como alguns dos melhores do ano.
Desta categoria, poucos esperavam que Quentin Tarantino não vencesse. Contudo, a Academia resolveu consagrar o seu trabalho em Django Libertado. À semelhança disto, também os leitores do Metragens se mostraram em sintonia com a votação da Academia: 71% votaram em Tarantino, restando apenas valores residuais nos outros nomeados, tendo Moonrise Kingdom e 00:30 A Hora Negra ficado com o segundo lugar, com 12%.
Desde cedo que a vitória nesta categoria estava, mais ou menos, "atribuída". Brave - Indomável era o filme favorito e, nesse contexto, os leitores do Metragens também estiveram bem: 65% apostaram na vitória do filme da Disney/Pixar, tendo ficado Frankenweenie, de Tim Burton, com um segundo lugar muito distante da liderança (18%).
Mais uma categoria em que as dúvidas sobre o vencedor eram quase nulas. Amor, até pelo embalo que levava pela nomeação para Melhor Filme, adivinhava-se como o principal favorito. Os leitores que votaram no nosso formulário pensaram do mesmo modo e deitaram praticamente todas as suas "fichas" no filme de Michael Haneke: 88%.
Emmanuelle Riva em Amour. Foto: Out Now. |
No sentido daquilo que muitos temiam, esta foi mais uma categoria com vitória anunciada. A imprevisibilidade, em determinadas nomeações, era quase nula e nesta as certezas eram muitas. Anne Hathaway consagrou-se com o seu primeiro Oscar, algo, aliás, muito esperado pelos nossos leitores. 71% pensavam - e bem - que Hathaway seria a vencedora, ficando no segundo lugar Sally Field, com uns meros 18%.
Christoph Waltz venceu o Oscar nesta categoria pelo seu trabalho em Django Libertado, tal como a maioria esperava. 59% dos votantes assim o achou, deixando a uma distância considerável nomes como Tommy Lee Jones (Lincoln), com 24%, e Alan Arkin (Argo), com 12%. Esta foi a segunda vez, no espaço de apenas três anos, que Waltz arrecadou este mesmo Oscar.
Esta era uma das categorias mais competitivas e imprevisíveis da noite. O protagonismo das protagonistas dividia-se, essencialmente, entre três nomeadas: Jessica Chastain (00:30 A Hora Negra), Jennifer Lawrence (Guia para um Final Feliz) e Emmanuelle Riva (Amor). Ainda assim, os votos dos leitores do Metragens dispersaram-se um pouco por todas as nomeadas. A pequena Quvenzhané Wallis conseguiu 6% dos votos, Naomi Watts, 12% e Jessica Chastain, 18%. A "rivalidade" que dividiu muitos críticos e fãs de cinema centrava-se, assim, em Riva e Lawrence. Tal como nos votos dos leitores do Metragens. Acontece que, uma vez mais, a aposta foi certeira: Lawrence ficou com 35% da preferência de quem nos acompanha e Riva com 29%.
Mais uma das vitórias "garantidas" da noite: Daniel Day-Lewis, pela sua interpretação do décimo-sexto Presidente dos EUA, Abraham Lincoln. Sem espaço para surpresas, aliás. 76% dos leitores também consideraram Day-Lewis como o mais provável vencedor, deixando Hugh Jackman (Os Miseráveis) num distante e isolado segundo lugar (24%), já que mais nenhum dos restantes nomeados teve direito a qualquer voto.
Uma das surpresas da noite. E podemos dizer isto, inclusive, ao olhar para os votos dos leitores nesta categoria. Muitos esperariam que Steven Spielberg (Lincoln) levasse o Oscar para casa (59% dos votos assim o ditaram), mas acabou por ser Ang Lee (realizador de A Vida de Pi) o grande vencedor. O curioso é que o realizador taiwanês nem o segundo lugar das preferências dos nossos leitores conseguiu. Michael Haneke (realizador de Amor) foi tido como o segundo favorito ao Oscar (29%), enquanto que Lee havia ficado apenas com um valor residual (12%). Um "tiro" bastante longe do alvo, portanto, claramente a destoar dos números que até aqui analisámos.
Por fim, o grande prémio da noite. Argo foi o eleito pela Academia e, também, pelos nossos leitores. Não foi uma "vitória" categórica nas preferências de quem acompanha o Metragens (47%), mas o suficiente para deixar a concorrência a alguma distância: Lincoln, 24%; Django Libertado, 18%; Os Miseráveis e 00:30 A Hora Negra, 6%. Pode depreender-se, portanto, que se tratou de um resultado previsível.
Ben Affleck em Argo. Foto Beyond Hollywood. |