'Interstellar' - uma viagem onírica pelas estrelas

Interstellar. Foto: galacticnewsone.com.
 
Interstellar (2014) é magnificente e inebriante, tornando-se num dos melhores filmes dos últimos anos. A história passa-se num futuro não muito distante, em que a Terra é um planeta devastado, que já não deixa qualquer esperança para a sobrevivência da Humanidade. A comunidade científica julga que a solução poderá estar nas pontes de Einstein-Rosen ("buracos de minhoca"), uns portais que permitem a ligação entre mundos paralelos. Para procurar novos caminhos para a Humanidade, uma equipa de corajosos exploradores espaciais lança-se numa missão, a mais importante de todos os tempos: entrar num desses portais e encontrar um novo planeta, onde a vida humana possa ter seguimento. O piloto é Cooper (Matthew McConaughey), um engenheiro viúvo com dois filhos que agora vive da agricultura. Para ele, não é só a sobrevivência da Humanidade que está em causa, mas também a dos próprios filhos. A viagem é longa e severa e as consequência serão... interestelares.

Matthew McConaughey e Anne Hathaway em Interstellar. Foto: Forbes.

A obra está carregada de elementos que engrandecem o resultado final. Ora, o argumento, da autoria de Christopher Nolan e Jonathan Nolan (o irmão do realizador) é genial e impactante, apesar de que poderia ser algo um pouco mais intrigante do que aquilo que acaba por ser. Além disso, a história teve a consultoria teórica de Kip Thorne, um conceituado físico, o que incrementa a credibilidade do filme. A fotografia é divinal, com momentos de verdadeiro assombramento visual. A música do virtuoso Hans Zimmer é aqui discreta, mas harmoniosa com a narrativa. Quanto a Christopher Nolan, o realizador tem vindo a provar nos últimos anos que não consegue fazer um mau filme e Interstellar é só mais um exemplo de que Nolan revela-se, cada vez mais, como um dos melhores realizadores da sua geração e da actualidade. Profícuo na complexidade e dinamismo, o filme incorpora enquadramentos detalhistas e pertinentes, revelando ainda o melhor do que os actores têm para dar. Falando neles, o único senão poderá ser, curiosamente, o protagonista, Matthew McConaughey, que revela pouca versatilidade e carisma. Poder-se-ia esperar mais de uma personagem tão complexa. Todavia, Anne Hathaway e Jessica Chastain brilham no grande ecrã, ambas com interpretações dramáticas e entontecedoras. Destaque ainda para a jovem Mackenzie Foy, que começou a sua aventura no Cinema em A Saga Twilight: Amanhecer Parte 2 (2012, crítica aqui) e que tem aqui uma surpreendente interpretação que enriquece o poder da história entre pai e filha, que é uma das mensagens que perduram em toda a obra.

Jessica Chastain em Interstellar. Foto: huffingtonpost.com.

Numa viagem longa pelo Espaço, com as estrelas e planetas como companhia, o filme fala de muito mais do que da vida além do planeta Terra. Em Interstellar, há lugar para a coragem, sacrifício e... o poder do amor (algo pouco expectável numa obra de Nolan, que não costuma abordar de forma tão categórica sentimentos). Poderoso na forma e intrigante no conteúdo, Interestellar é um novo marco no Cinema, roçando, muito de perto, a almejada perfeição.