'The Hunger Games: A Revolta - Parte 1': A faísca alastra-se (mas não muito)

Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) está de volta para o início do fim da saga de The Hunger Games. Depois de The Hunger Games - Os Jogos da Fome (2012, crítica aqui) e The Hunger Games: Em Chamas (2013, crítica aqui), a jovem heroína acorda no Distrito 13 e a sua vida parece ter mudado em quase tudo. Perturbada e ainda muito confusa após os últimos Jogos da Fome, Katniss é instigada a aceitar o papel que ela está relutante em aceitar: ser o Mimo-Gaio e o símbolo da revolução dos distritos contra o totalitarismo do Capitólio. Além disso, a jovem sofre ainda por Peeta (Josh Hutcherson), que está nas mãos do Governo.

Jennifer Lawrence em The Hunger Games: A Revolta - Parte 1. Foto: Out Now,

The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 (2014) tem um ritmo muito mais pausado e contemplativo do que os seus anteriores. É o primeiro filme da saga que não se passa nas arenas dos Jogos da Fome, pelo que também se nota uma grande diminuição das cenas de acção. Não obstante, algumas das cenas foram expandidas em relação ao que se passa no livro, como a revelação de alguns movimentos do Presidente Snow (Donald Sutherland) e as rebeliões nos outros distritos. A obra é a primeira parte da adaptação cinematográfica do último livro da trilogia escrita por Suzanne Collins. A decisão por dividir a história não parece totalmente errada. O livro tem, de facto, bastantes detalhes e cenas que permitem uma maior exploração no Cinema. Todavia, o espectador não deixa de ter a sensação que a parte verdadeiramente interessante da história está ainda por vir, sabendo a muito pouco esta primeira parte.

Jennifer Lawrence em The Hunger Games: A Revolta - Parte 1. Foto: Out Now,

A realização de Francis Lawrence mostra um mundo muito mais sombrio e claustrofóbico, ao contrário da opulência retratada no filme anterior, o que é um dos pontos fortes do filme, já que era importante revelar as ambiências do Distrito 13. Todavia, há momentos que acontecem de forma demasiado célere no filme, como a convalescência de Katniss, os seus medos e a demora na aceitação em ser o Mimo-Gaio. No livro, tudo acontece de forma mais pausada, instando mais à reflexão. Jennifer Lawrence é a salvadora dos erros do filme, conseguindo transmitir toda a amargura e revolta de Katniss, bem como a sua coragem inelutável. A actriz mostra o seu brilhantismo expressivo, transformando Katniss numa heroína cheia de carisma. O restante elenco é renomado e não desilude, bem pelo contrário. Destaque sobretudo para Julianne Moore e Philip Seymour Hoffman, que conseguiram exaltar as suas personagens - um dos aspectos menos bem conseguidos do filme é a demasiada concentração em Katniss, todas as outras personagens são demasiado secundárias.

Philip Seymour Hoffman e Julianne Moore em The Hunger Games: A Revolta - Parte 1. Foto: Out Now.

The Hunger Games: A Revolta - Parte 1 é um filme de propaganda com interesse cinematográfico razoável, em que a fotografia é interessante e a banda-sonora acompanha de forma pertinente toda a obra. O argumento é algo descurado e os aspectos essenciais, como a abordagem do totalitarismo, genocídio ou escravatura são algo descurados. Todavia, não nos podemos esquecer de que se trata de um filme feito a pensar sobretudo nos mais novos, pelo que não deixa de ser por si só relevante que estes temas sejam minimamente referidos. A obra tem uma narrativa dinâmica mas a acção só começará mesmo na segunda parte, quando as chamas poderão espalhar-se de vez.