«As Armas de Jane»

Com poucas munições narrativas, As Armas de Jane (2016) sobrevive com dificuldade e não consegue ser marcante. A história da obra, focada em Jane Hammond (Natalie Portman), é sufocante tal é o dramatismo dos acontecimentos narrados, mostrados através de vários flashbacks. A narrativa arranca quando o marido de Jane, Bill Hammond (Noah Emmerich), é atacado por um gangue que volta para matá-lo, num regresso do passado em que Jane também está envolvida. Para conseguir defender-se, Jane não vê outra opção senão recorrer ao auxílio de Dan Frost (Joel Edgerton), uma antiga paixão.

Natalie Portman em As Armas de Jane. Foto: natalieportman.com.
A fotografia da obra é competente e a banda-sonora contribui para incrementar o clima permanentemente tenso da obra, mas o argumento insosso é um calcanhar de Aquiles ao qual não conseguimos descolar. Desorganizado e pouco apelativo, é difícil ficar agarrado à trama. Natalie Portman e Joel Edgerton bem tentam salvar a obra, revelando uma excelente química, com a atriz a aproveitar todas as brechas para mostrar a sua expressividade, seja ela mais contida ou explícita. Todavia, Ewan McGregor, o vilão do filme, exibe uma interpretação alheada e algo vazia, acabando por ser a metáfora de toda a trapalhada que se revelou a produção da obra [Lynne Ramsay seria a realizadora da obra, passando Gavin O’Connor a assumir a tarefa, enquanto também ocorreram várias mudanças no elenco principal, com Bradley Cooper, Jude Law e Michael Fassbender a estarem envolvidos no projeto, mas depois a declinarem, por diferentes motivos]. 

As Armas de Jane poderia ter sido uma obra mais grandiosa e introspetiva, contendo vários ingredientes promissores mas que acaba por não resultar da melhor forma. E western? Nem vê-lo.

(Crítica originalmente publicada no site da Metropolis)