Quarteto (não muito) Fantástico

O Quarteto Fantástico regressa ao grande ecrã após uma passagem menos bem conseguida pelo Cinema há alguns anos. Muito mudou na abordagem da história dos super-heróis mas o tom parece continuar a não ser o certo. Nesta nova obra, o grupo é composto por quatro jovens que se teletransportam para uma outra dimensão, absolutamente desconhecida e incrivelmente perigosa. Todos acabam por sofrer transformações radicais nos seus corpos, passando a ostentar poderes incríveis e que, ao início, não sabem controlar. As suas vidas ficam, assim, totalmente alteradas. Além disso, o grupo tem uma missão pela frente: unir-se e trabalhar em conjunto para poder a salvar a Terra de um antigo amigo que se tornou num inimigo para todos.

Foto: comingsoon.net.
Ao contrário de Quarteto Fantástico (2005), que era muito ligeiro e festivaleiro, este reboot leva-se demasiado a sério e peca pelo excesso de negritude e pela quase total ausência de humor, fazendo-nos ter saudades de obras como Os Vingadores (2012, crítica aqui) ou Os Guardiões da Galáxia (2014, crítica aqui). A realização de Josh Trank consegue, contudo, elevar-se no segundo ato do filme, após um início chamuscado e pouco entusiasmante. Os superpoderes das personagens são interessantemente retratados, contribuindo, para isso, uns efeitos especiais detalhados e pouco ou nada teremos a apontar. Porventura, a principal falha deste filme assenta na fraca composição das personagens. O principal exemplo é o vilão, que ganha verdadeiramente importância já quase no final da obra, sendo que a sua evolução poderia ser mais pertinentemente abordada. O mesmo vai acontecendo com as restantes personagens, à exceção de Reed Richards (Miles Teller) – o verdadeiro protagonista da obra, que gira em torno do mesmo – e Susan Storm (Kate Mara), a única personagem feminina, que é bastante mais complexa e relevante do que, por exemplo, acontecera na primeira adaptação. Quanto ao elenco, o grupo parece homogéneo apesar de Teller claramente destacar-se e Jamie Bell ser negligentemente desaproveitado. 

Quarteto Fantástico (2015) é uma tentativa renovada e esforçada de dar a um grupo de super-heróis querido pelos fãs uma adaptação cinematográfica mais magnificente. No geral, resulta num filme do género algo peculiar, em que a Ciência assume uma importância primordial, num aspeto bem conseguido. Os efeitos especiais ajudam no cômputo geral, bem como a qualidade de interpretação do elenco e uma fotografia que consegue ligar-se de forma simbiótica com a realização. Todavia, talvez ainda não seja desta que o quarteto tenha tido um filme à sua altura…

(Crítica originalmente publicada no SAPO)