Esquadrão Suicida (2016) tinha tudo para romper os cânones dos filmes de super-heróis, um género já claramente muito desgastado. Todavia, o filme passa muito ao lado disso, num resultado banal, desconcertado e pouco impactante.
A história segue os eventos narrados em Batman v Super-Homem: O Despertar da Justiça (2016, crítica aqui), num mundo em que se teme que o próximo Super-Homem não seja tão aprazível. Amanda Waller (Viola Davis) propõe então que se reúna uma força inédita, que junte os piores dos piores para que embarquem em missões tão perigosas que provavelmente os matará. Se sobreviverem, viverão para voltar a lutar e terão as suas penas reduzidas.
Foto: Out Now. |
O 1.º ato do filme é um desfile de personagens tão rápido que alguns passam quase desapercebidos. De repente, já estamos na ação propriamente dita e tudo acontece sem tempo para que a narrativa respire e para que se possa explorar devidamente os personagens. Todavia, não podemos deixar de realçar que David Ayer mostra os seus dotes de realizador, segurando a dignidade da obra em muitos momentos. Também para isso contribui a excelente banda-sonora, ritmada e inspiradora.
Will Smith (Deadshot) e Margot Robbie (Harley Quinn) são os reis e senhores do filme, conseguindo as melhores cenas e uma química interessante, já testada anteriormente em Focus (2015, crítica aqui). Smith é absolutamente carismático e Robbie interpreta a única personagem verdadeiramente louca do filme, cheia de twists. Não obstante, Joker era, sem dúvida, o personagem mais esperado, mas fica bastante aquém. Foi inteligente a aposta em seguir um caminho interpretativo completamente diferente das anteriores versões do vilão e Jared Leto consegue uma interpretação excêntrica e histriónica. Contudo, Joker, conhecido por ser um dos piores vilões do Cinema, aqui é mais um cavaleiro andante, desvirtuando-se a própria essência da personagem, que não tem qualquer influência na narrativa.
Will Smith e Margot Robbie em Esquadrão Suicida. Foto: Out Now. |
O grande cerne de Esquadrão Suicida é mesmo o argumento, que não faz vibrar o
espectador e que não mostra qualquer criatividade. Tudo é previsível e
sem chama. Mais ainda, os vilões não são propriamente vilões, mas mais
um grupo de incompreendidos pela sociedade, faltando aqui muito do
politicamente incorreto como vimos no
irreverente Deadpool (2016, crítica aqui), uma verdadeira
lufada de ar fresco no género. Em Esquadrão Suicida não se acerta nem no tom nem no ritmo, como, aliás, tem acontecido nos filmes da DC Comics. É pena, o Esquadrão tinha muito mais para dar.