X-Men: Apocalipse (2016) quer muito mas consegue pouco. A obra é o encerrar da trilogia composta por X-Men: O Início (2011, crítica aqui) e X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido (2014, crítica aqui), sendo o menos conseguido dos três - Jean Grey (Sophie Turner) tem alguma razão quando diz no filme que "o terceiro é sempre o pior".
Sophie Turner e Tye Sheridan em X-Men: Apocalipse. Foto: screenrant.com.
A história passa-se em 1983, numa altura em que os mutantes vivem em quase harmonia com os humanos. Entretanto, o primeiro e mais poderoso mutante, Apocalipse (Oscar Isaac), acorda após milhares de anos enclausurado, ficando muito desagradado com o que vê no mundo. Só os mais fortes sobreviverão à tentativa de Apocalipse em repor a sua ordem e para o impedir é necessária a união mutante. É o nascimento dos X-Men.
Depois do algo tumultuoso mas seguro X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido, as expectativas eram muitas, mas X-Men: Apocalipse escorrega na sua génese: a capacidade de criar um vilão majestoso e imponente, que desafiasse verdadeiramente. Todavia, o mauzão da história é um pouco frouxo e indevidamente explorado. Além disso, ter um ator ao dispor como Oscar Isaac e não aproveitar é um desperdício incomensurável.
Michael Fassbender em X-Men: Apocalipse. Foto: Out Now.
Bryan Singer é o "pai" dos X-Men no Cinema e é responsável por muitos bons momentos dos mutantes no grande ecrã mas, nesta obra, parece ter-se perdido na própria imensidão narrativa da obra. Há demasiadas personagens e demasiados arcos narrativos, o que resulta com que poucos se salvem e tenham uma abordagem apropriada. Magneto até se safa, mostrando-se a riqueza interior do mutante amargurado, em mais uma interpretação irrepreensível de Michael Fassbender. Realce também para a fantástica Jean Grey (Sophie Turner), a personagem mais bem aproveitada do novo elenco, com o rastilho de uma chama muito poderosa à espreita. Por outro lado, os restantes três Cavaleiros do Apocalipse, Pyslocke (Olivia Munn), Angel (Ben Hardy) e Storm (Alexandra Shipp), quase passam incógnitos numa história em que deveriam ter um destaque mais assinalado. Nesta confusão, nem o veloz Quicksilver (Evan Peters) ajuda. A "sua" cena é, de facto, vistosa a nível visual mas não está à altura da revelada no filme anterior.
X-Men: Apocalipse vai sobrevivendo pela química entre os atores, tanto os mais novos no elenco como os veteranos - tudo encaixa na perfeição. Os efeitos especiais são marcantes e a banda-sonora acompanha em harmonia a evolução da narrativa. A obra deixa o caminho aberto para que muito possa ser explorado, com apresentação de personagens adoradas pelo público e com carisma no grande ecrã. X-Men: Apocalipse não é um filme de super-heróis absolutamente dispensável mas não fica para a História. Os mutantes mereciam mais.