Depois do sucesso de Hotel Transylvania (2012, crítica aqui), chega-nos uma sequela pouco inspirada e nem sempre pertinente, num filme de animação pouco memorável. Muito mudou no Hotel Transylvania… Agora, os monstros já não são vistos como inimigos pelos humanos, pelo que todos convivem em harmonia. Drácula tem agora uma nova preocupação: Dennis, o seu neto meio humano, meio vampiro, mas que, na verdade, não demonstra se se tornará num verdadeiro vampiro. Por isso, o novo objetivo de Drácula é despertar no petiz os seus instintos vampirescos. A oportunidade perfeita para tal surge quando Mavis visita os seus sogros humanos e deixa Dennis aos cuidados do avô. Hotel Transylvania 2 (2015), de Genndy Tartakovsky, volta a trazer as personagens carismáticas do primeiro filme, introduzindo outras, em que se destaca, sem dúvida, o pequeno Dennis, que abarca a principal dicotomia abordada na obra: o bem e o mal e a coexistência de ambos, algo que também era o cerne de Hotel Transylvania. Todavia, perdeu-se um pouco da ousadia do primeiro filme, bem como o encadeamento fluido da narrativa.
Adam Sandler e Robert Smigel escrevem o argumento e a aposta não parece ter sido muito bem-sucedida. O resultado é uma narrativa com uma premissa até interessante mas que seria suficiente para uma curta-metragem. Assim, há vários momentos de pouca graça ou pertinência, que pouco acrescentam ao cômputo geral.
Imagem de Hotel Transylvania 2. Foto: Out Now. |
Ao contrário do brilhante Divertida-Mente (2015, crítica aqui), não há aqui qualquer espaço à reflexão, remetendo-se apenas para a piada fácil e o humor estritamente visual. Desta forma, os mais pequenos decerto gostarão de bastantes cenas, já os mais velhos… nem tanto. A desenvoltura dramática das personagens é também pouco explorada, sobretudo nos amigos de Drácula e em Jonathan, que pouco parece ter evoluído desde o último filme – ao contrário de Mavis, que tem agora uma dimensão mais madura.
Hotel Transylvania 2 é um filme de animação leve e com alguns momentos bem-humorados. A qualidade de animação é quase irrepreensível e a banda-sonora adapta-se bastante à narrativa. O timing das piadas é também um aspeto bem conseguido. Todavia, lamenta-se o facto de se perder uma boa oportunidade de abordar o tema dos monstros para crianças de uma forma mais criativa, optando-se por vários clichés. Acima de tudo, no final do filme, surge-nos uma pergunta inevitável: era mesmo necessário uma sequela ou, pelo menos, esta sequela?
(Crítica originalmente publicada na edição de janeiro de 2016 da revista Metropolis)
(Crítica originalmente publicada na edição de janeiro de 2016 da revista Metropolis)