Um bom filme de ficção científica quer-se arrojado, corrosivo, reflexivo e que deixe muitas questões no ar. Ora, Ex Machina (2015) é tudo isto e mais um pouco. A narrativa assenta numa premissa muito simples, mas entranhada, porém, de uma grande complexidade: Caleb (Domhnall Gleeson) é um jovem programador que é selecionado para participar numa experiência inédita de contacto de humanos com uma robô com inteligência artificial, Ava (Alicia Vikander).
Alex Garland revela-se um realizador atento, conseguindo desconstruir um tema que poderia ter uma abordagem algo maçuda. Todavia, tudo se vai mostrando ao espectador de uma forma paulatinamente desconcertante e envolvente, guardando o melhor para o fim. A banda-sonora complementa o clima de tensão e suspense que se pressente desde o início da obra, coexistindo com efeitos especiais irrepreensíveis.
Alicia Vikander em Ex Machina. Foto: The Telegraph. |
Não obstante, os atores são a verdadeira razão pela qual o filme funciona. Gleeson oferece uma interpretação carismática e sensível e Vikander impressiona pela contenção dramática sem deixar de transmitir emoções, numa dicotomia difícil de almejar. Oscar Isaac é uma preciosidade e torna-se um deleite vê-lo neste filme, onde interpreta uma personagem dúbia e marcante.
Ex Machina afirma-se como um dos melhores filmes de ficção científica dos últimos anos, abordando uma questão já muito explanada no Cinema: conseguirão as máquinas suplantar o Homem e dominá-lo? Ao invés de abordar o tema de uma forma mais fantasiosa, o filme mostra um caso muito particular, uma robô muito particular e a forma como esta tenta manipular quem a rodeia. Subtileza e magnetismo: eis Ex Machina.