Com uma história sensível e profunda emoldurada por uma fotografia poderosa, A Hora do Lobo (2015) acaba por ser um filme de família pouco desafiante. Baseado em factos verídicos, o filme passa-se no final da década de 1960, em pleno período Maoísta. Chen Zen (Shaofeng Feng) é um jovem estudante de Pequim que é enviado para a Mongólia para educar uma população rural isolada. Todavia, quem tem mesmo muito a aprender é o próprio Chen, que, com o passar do tempo, vai sabendo mais sobre o conceito de comunidade e, sobretudo, sobre o lobo, a criatura mais venerada daquela população, e que rapidamente fascina o jovem. O encantamento é tal que Chen captura uma cria de lobo e cuida dela sem que ninguém o saiba. Entretanto, a harmonia entre vida animal e tribo é ameaçada quando o representante regional da autoridade central decide eliminar todos os lobos existentes na região.
Shaofeng Feng em A Hora do Lobo. Foto: Out Now. |
A obra eleva-se pelo seu impressionante realismo, numa altura em que os efeitos especiais abundam no Cinema. Para tal, foram necessários muitos meses de preparação com verdadeiros lobos e o resultado é uma maior dignificação na relação entre Homem e animal, o cerne de todo o filme. Contudo, a narrativa é demasiado linear e nem sempre muito entusiasmante. O elenco vai cumprindo mas nunca impressiona. E nem a realização detalhista de Jean-Jacques Annaud consegue salvar por completo um filme demasiado ameno.
(Crítica originalmente publicada na edição de novembro de 2015 da revista Metropolis)
(Crítica originalmente publicada na edição de novembro de 2015 da revista Metropolis)