«Pasolini»

O filme Pasolini (2014) poderia ser muito mais do que aquilo que acaba por ser. A obra restringe-se ao último dia de vida do poeta e cineasta italiano Pier Paolo Pasolini, em 1975, sendo uma mistura de realidade e pura imaginação, numa amálgama ora profícua, ora ineficiente. O biopic mostra um Pasolini irreverente, com pensamentos profundos sobre a sociedade, o mundo e a própria vida. Intimista e existencialista é também o filme, que evidencia e retrata a época, bem como as suas diferentes inquietações e libertações.

Willem Dafoe em Pasolini. Foto: Out Now.
Willem Dafoe é impressionante na pele de Pasolini, numa interpretação esmerada e marcante, apesar da estranheza da linguagem (a personagem é de origem italiana, mas a língua é tratada como se fosse meramente secundária). A narrativa é, por vezes, confusa e, na maior parte do tempo, pouco atractiva, fazendo com o que o espectador se perca num e noutro momento. A actriz portuguesa Maria de Medeiros também participa na obra e brilha no ecrã, conseguindo criar uma das melhores cenas do filme, apesar da simplicidade do momento representado. 

Com muito potencial, mas com um frágil resultado final, Pasolini é uma representação ousada e provocadora do artista italiano, mas não chega para se tornar, por si só, numa obra inesquecível.

(Crítica publicada na revista Metropolis de Novembro de 2014: http://www.cinemametropolis.com).