A história é poderosa, os atores empenham-se mas o resultado final acaba por não ser tão dourado como aquele que espoleta todos os acontecimentos que são retratados. Ora, a narrativa centra-se na história verídica de Maria Altmann (Tatiana Maslany/Helen Mirren), de origem judia, que foi obrigada a sair de Viena após a invasão nazi durante a Segunda Guerra Mundial. A sua família foi vilipendiosamente roubada pelo exército alemão que lhe confiscou, entre outros bens, o “Retrato de Adele Bloch-Bauer I”, da autoria de Gustav Klimt. Várias décadas depois, Altmann inicia uma longa batalha judicial para recuperar a famosa obra de arte. Para tal, contará apenas com a ajuda de um jovem advogado, Randol Schoenberg (Ryan Reynolds), que tem muita coragem e vontade mas é parco em experiência.
A realização de Simon Curtis revela-se, por vezes, algo confusa e insegura, não conseguindo captar de forma verdadeiramente fascinante toda a história. O mesmo acontece com o trabalho de fotografia, que é um pouco desperdiçado tendo em conta o material abordado. A montagem é, também ela, pouco empolgante, com espaço para alguns momentos morosos e nem sempre pertinentes. Contudo, a grande mais-valia de toda a obra é a própria história, a que decerto ninguém deixará de ficar sensibilizado. Neste sentido, a alternância entre os dois fragmentos temporais acaba por ser concretizada de forma bem balançada.
Relativamente aos trabalhos de interpretação, trata-se de um elenco absolutamente de luxo, até mesmo quando se trata de personagens meramente secundárias, como é o caso de Katie Holmes, que vê o seu talento algo desaproveitado. Helen Mirren continua a ser uma rainha da sétima arte, salvando o filme em muitos momentos, com a sua sagacidade e expressividade que não falham. Tatiana Maslany tem também um desempenho retumbante, ajudando, em muito, na composição da personagem principal. Já Ryan Reynolds não é propriamente um ator de mão cheia, mas acaba por não desiludir, conseguindo interpretar com a devida veemência a sua importante personagem.
Max Irons e Tatiana Maslany em Mulher de Ouro. Foto: Out Now. |
Um período nada dourado da Humanidade é abordado em A Mulher de Ouro (2015) de uma forma algo desleixada mas com alguma sensibilidade, entregando-se à emoção em alguns instantes. A obra não é perfeita, mas prova algo que Altmann acreditava e provou estar correta: a esperança é uma das características mais humanas e, aqui, ela sobrevive em toda a sua plenitude.