Não confie em nada nem em ninguém… Em Focus (2015), as surpresas são constantes, bem como o ritmo frenético. Nicky (Will Smith) é um experiente vigarista com alguma queda para o sentimentalismo. Entretanto, conhece Jess (Margot Robbie), uma aprendiz de ladra que ainda tem muito a aprender, apesar do seu potencial. Os dois acabam por envolver-se emocionalmente, mas Nicky termina a relação de forma abrupta. Voltam a encontrar-se alguns anos depois em Buenos Aires, na Argentina, durante um dos mais ambiciosos golpes da vida de Nicky, que terá de enfrentar as suas emoções ao reencontrar a antiga amante.
Will Smith e Margot Robbie em Focus. Foto: Out Now. |
Com uma realização de Glenn Ficarra e John Requa cheia de dinamismo, a narrativa é imparável e muito fluida. Tem, ainda, uma montagem profícua, pois cria momentos de algum suspense e deixa o espectador preso à trama. A química de Smith e Robbie é interessante e resulta muito bem. Os dois actores alcançam na plenitude o carácter das suas personagens, imbuindo, ainda, o filme de momentos de bom humor. Will Smith, aliás, volta a trazer o seu habitual carisma, o que valoriza em muito a personagem que interpreta. O actor brasileiro Rodrigo Santoro tem também uma participação digna de interesse. Destaque ainda para a banda-sonora, sobretudo para a incursão perfeita de temas da banda portuguesa Dead Combo.
O argumento é, contudo, algo superficial e pouco ousado, ficando sempre pela rama das suas possibilidades, não inovando, o que se nota sobretudo no terceiro acto da obra. Apesar das muitas surpresas que o filme vai revelando ao longo da narrativa, a previsibilidade acaba por acontecer em alguns momentos, o que poderia ser evitado, para maior engrandecimento da produção final.
Focus não é um prodígio cinematográfico, mas é uma obra razoável e de agradável visionamento. Um filme sensual e divertido, em que os golpes e contra-golpes decerto irão entreter o espectador, que não enfrentará o tédio em nenhum momento.
(Crítica publicada na edição de abril de 2015 da revista Metropolis e no SAPO)
(Crítica publicada na edição de abril de 2015 da revista Metropolis e no SAPO)