«Fúria» - A União Faz a Força

Quando o desfecho da II Guerra Mundial começa a aproximar-se e a vitória das forças aliadas se vai tornando em algo cada vez mais provável, um grupo de soldados norte-americanos dirige um tanque dentro das linhas do inimigo em território alemão. Escrito e realizado por David Ayer, Fúria (2014) transporta-nos até ao interior do tanque (“Fury”, de seu nome) comandado por Don “Wardaddy” Collier (Brad Pitt) e às vivências por que aquele grupo de camaradas de armas passa na sua missão.

Brad Pitt, o líder Don "Wardaddy" Collier do tanque "Fury", com o novato Norman Ellison (Logan Lerman) em segundo plano. Foto: DeFilmBlog.be.

Desengane-se quem esteja à espera de uma grande história de superação, com um final arrebatador, acompanhado de uma música épica que mostra os grandes heróis do filme em poses patrióticas e de grande brio. Este Fúria está bem longe dessa linha de acção. Fúria é um filme sobre «feios, porcos e maus», mas com os valores da amizade e espírito de equipa sempre em foco.

Num argumento pouco inventivo mas eficaz, somos transportados àquela realidade, de cena em cena, por um grupo de actores (encabeçado por Pitt e acompanhado por Shia LaBeouf, Logan Lerman, Michael Peña e Jon Bernthal) que transpõe para o ecrã de uma maneira interessante aquela experiência quase familiar.

Com uma ponta final verdadeiramente empolgante (da responsabilidade de uma realização bem conseguida), o crescendo do filme leva-nos até a um desfecho previsível mas que não quebra com a lógica que o filme levava até aí. Alguns sobressaltos mais emocionantes fazem estremecer a cadeira e deixar os batimentos cardíacos um pouco mais acelerados, saindo, com isso, realçados os temores e as emoções vividos naquele contexto.

Logan Lerman (Norman Ellison no ecrã) com a alemã Alicia von Rittberg (Emma) em Fúria. Foto: DeFilmBlog.be.

Curiosamente, os créditos finais são um dos pontos que mais aconselho neste filme. Toda aquela construção da história (que, a dada altura, nos leva até duas senhoras alemãs que convivem com dois dos soldados norte-americanos e ajudam a tornar o filme em algo de mais sentimental) fica bastante a ganhar com o “fechar do pano” e a consequente entrada de uma música assustadoramente triunfal. Dá que pensar terminar uma história daquela forma, com um final de liberdade associado ao fim do conflito mas regressando ao lado mais horripilante da humanidade.