'Mr.Turner'

Um biopic competente e pouco ousado, Mr. Turner é, por si só, uma pintura cheia de traços vigorosos e inesperados, mas que resultam em algo de constatável beleza, tal como as obras da autoria da figura que o filme retrata. A obra abarca o último quarto de século da vida do pintor J.M.W. Turner (1775 – 1851). Durante esse tempo, o artista perde o pai (o que o deixará muito afectado) enquanto é amado pela sua mulher-a-dias (a quem não presta muita atenção). Entretanto, acaba por criar uma forte relação com uma senhoria de uma região costeira com quem vai viver de forma incógnita. Mas não é só, Turner vai viajando, convivendo com a aristocracia, visitando bordéis, além de ser um membro conhecido - e anárquico - da Royal Academy of Arts, tornando-se alvo de aclamação mas também de algum ódio pela realeza e público.

Timothy Spall em Mr. Turner. Foto: Out Now.
Timothy Spall tem uma interpretação genial do pintor excêntrico e algo caótico, recorrendo a bastantes maneirismos, tornando-se na alma do filme. A fotografia da obra é de um encanto avassalador, bem como os próprios diálogos, recheados com algum do delicioso humor britânico. Não obstante, o grande pecado do filme é a sua extensa duração, com alguns momentos quiçá dispensáveis, o que poderia ter rendido mais dinamismo ao resultado final, prendendo mais o espectador. Em suma, Mr. Turner é uma obra de valor fundamentalmente estético, mas que não deixa de ser um retrato valoroso e importante de uma importante figura da arte britânica e mundial.

(Crítica publicada na revista Metropolis de Novembro de 2014: http://www.cinemametropolis.com).