Muita acção e efeitos especiais ainda de forma incipiente.
X-Men (2000) foi a primeira adaptação dos famosos mutantes da banda desenhada da Marvel, realizada por Bryan Singer. Na altura, estávamos ainda no início deste tipo de adaptações, pelo que a qualidade de alguns filmes que se seguiram é deveras significativa. Por exemplo,
Homem de Ferro (2008), de Jon Favreau, é incrivelmente melhor, ou até mesmo
X-Men: O Início (2011, crítica
aqui), que marcou o renascimento das adaptações dos mutantes.
X-Men marca o início de uma trilogia, centrando-se nas personagens Rogue (Anna Paquin) e Wolverine (Hugh Jackman), além, claro, da guerra constante entre o Professor Charles Xavier (Patrick Stewart) e Magneto (Ian McKellen). Além disso, é abordado o problema central que seria tratado em toda a trilogia: a possível guerra entre mutantes e humanos, polarizando o próprio mundo dos mutantes, que se dividem entre si. Na obra, é-nos mostrada a Escola de Charles Xavier para jovens dotados, ou melhor, uma espécie de refúgio para mutantes incompreendidos pela sociedade que podem, assim, desenvolver os seus poderes.
A narrativa da obra não é muito motivante, havendo alguns momentos pouco pertinentes, faltando também alguma energia carismática própria do universo dos X-Men. Ainda assim, importa referir que fica bem explicado para o espectador do que se trata a complexidade mutante e o que isso pode acarretar na relação com a sociedade. É claro que há factos que não são sequer abordados na obra, como a origem da guerra entre Charles Xavier e Magneto, o que só viria a ser explicado em
X-Men: O Início. Esse tipo de lacunas pode dificultar a aceitação de um espectador que desconheça a história dos X-Men. Os efeitos especiais - fundamentais num filme deste género - são também pouco "espectaculares". Contudo, as caracterizações estão muito bem elaboradas, sobretudo na personagem Mystique, interpretada por Rebecca Romjin, coberta por uma tinta azul. As personagens são também rapidamente identificadas pelos fãs da série, o que é importante.
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Rebecca Romjin em X-Men. Foto: Out Now. |
As interpretações são razoáveis, destacando-se Hugh Jackman, como o icónico Wolverine. Aliás, a sua relação com a personagem começou aqui e desde logo se apercebe que o actor encontrou o tom certo para interpretar a personagem rancorosa e implacável, mas também com um sentido de humor mordaz. Relevo ainda para os veteranos actores Patrick Stewart e Ian McKellen, que criam uma empatia cheia de química, sendo que os seus encontros são alguns dos melhores momentos da obra. Estão também presentes no filme outras estrelas, como Famke Janssen (Jean Grey), James Marsden (Cyclops) ou Halle Berry (Storm).
X-Men revela-se até um bom início para a saga dos mutantes no cinema, mas os fãs, decerto, pediriam algo mais.