Um retrato biográfico com pouca chama e encantamento, mas, ainda assim, surpreendente. As Runaways (2010), realizado por Floria Sigismondi, conta a história da banda rock com o mesmo nome, que fizeram sucesso na década de 1970. A banda mostrou a sua irreverência por ser composta apenas por mulheres, encabeçada por Joan Jett (Kristen Stewart). O filme, que teve estreia no Festival de Sundance, em 2010, mostra como a banda se formou, bem como os momentos de sucesso e de fracasso, que levariam à separação da mesma.
Elenco de As Runaways. Foto: kinobank.org. |
Pelo meio, há muita música e... muitas drogas. Tudo mostrado de forma despudorada, o que acaba por ser um aspecto positivo. Ainda assim, acaba por parecer artificial, frio e pouco motivante para o espectador. As protagonistas são sempre Joan Jett e Cherie Currie (Dakota Fanning), com algum destaque para Kim Fowley (Michael Shannon). Assim, a restante banda parece funcionar como mera figuração.
Dakota Fanning e Kristen Stewart em As Runaways. Foto: kinobank.org. |
Kristen Stewart acaba por ser a grande surpresa a nível da representação ao longo do filme. A actriz consegue descolar-se da sofrível Bella da saga Twilight, mostrando mais garra e alguma capacidade interpretativa, até cantando e tocando guitarra. Ainda assim, parece que fica sempre aquém do que se podia esperar para a personagem, faltando-lhe algo para compor o papel da melhor forma. Dakota Fanning é segura, mas pouco convincente e credível. Michael Shannon tem a personagem mais excêntrica e, possivelmente, com mais potencial interpretativo, e o actor não se coíbe de interpretá-lo com ousadia, o que acaba por funcionar.
É também importante referir que a história de As Runaways é algo parcial, já que duas das integrantes fizeram parte da produção do filme (Joan Jett e Cherie Currie), mas Lita Ford recusou ceder os seus direitos para contar a sua versão da história, reflectindo-se na pouca abordagem que se faz à sua figura ao longo do filme. Além disso, ela é mostrada como uma das responsáveis pela saída de Currie da banda. As Runaways tem muito mais música do que narrativa ou dramatismo propriamente ditos. Funciona como videoclipes, mas não como um retrato histórico, ficando aquém neste objectivo.