'Seis Sessões' - Um drama imperdível

Aqui está um caso de um drama que não é lamechas nem um dramalhão exagerado - e não faltariam razões para tal. Seis Sessões (2012) mostra que as histórias podem ter uma moldura diferente consoante o modo como são contadas. A narrativa é sobre Mark (John Hawkes), um sobrevivente da poliomielite, uma doença que o deixou praticamente paralisado da cabeça para baixo quando tinha oito anos. Mark decidiu perder a virgindade aos 38 anos, recorrendo à ajuda de uma terapeuta sexual, Cheryl (Helen Hunt).

John Hawkes em Seis Sessões. Foto: Kinobank.org.

O resiliente percurso é contado de uma forma quase despudorada, honesta e frontal. O bom humor é presença constante, o que ajuda a aligeirar o teor dramático da obra. Nada é contado de forma a que o espectador tenha pena do protagonista, bem pelo contrário, já que a admiração é o sentimento que mais emerge. Essa característica, nada penosa, é talvez o que mais fira, já que, por norma, este tipo de histórias seria retratado de uma maneira bem mais melodramática. A realização não é particularmente inspirada, mas também não deixa a desejar.

O desempenho dos actores é mesmo o grande trunfo da obra. O protagonista é interpretado de forma visceral, genuína e corajosa por John Hawkes, esquecido pela Academia de Hollywood na altura das nomeações para os Oscars. O actor conseguiu atribuir a dimensão que o seu papel exigiu. Helen Hunt é também brilhante na sua personagem, incorporando as emoções subtis e escondidas, a objectividade difícil e a graciosidade na relação entre as duas personagens. A actriz recebeu a nomeação para o Oscar de Melhor Actriz Secundária por este papel, mas não saiu vitoriosa. A personagem do Padre Brendan (William H. Macy), que acompanha Mark na sua jornada, aconselhando-o e motivando-o, é também muito bem conseguida, mostrando um ângulo diferente e pouco esperado do sacerdócio.

Helen Hunt em Seis Sessões. Foto: Kinobank.org.
Seis Sessões é emocionante sem fazer muito por isso, optando por contar uma história muito difícil de um modo optimista e positivo, tornando-a esperançosa e exemplar. É um drama poderoso sem os típicos ingredientes dramáticos, inovando na forma como aborda este tipo de doença e quem padece da mesma. Sem dúvida, um filme imperdível e profundamente inspirador.