Oscars 2013 - Melhor Actor: Daniel Day-Lewis

(Lincoln, crítica aqui)

Daniel Day-Lewis nasceu a 29 de Abril de 1975, em Greenwich (Londres, Reino Unido). O actor tem dupla nacionalidade: britânica e irlandesa. A sua carreira é já longa e muito premiada. Estudou representação na Briston Old Vic School. Fez a sua estreia no cinema em Domingo, Maldito Domingo (1971), mas dedicar-se-ia mais ao teatro até voltar ao grande ecrã em 1982, um pequeno papel no filme Gandhi. Nessa altura, participou também na televisão britânica, em Frost in May (1982) e How Many Miles to Babylon? (1982). Entre os seus desempenhos no teatro, destaque para 'Another Country' (1982-1983), 'Dracula' (1984) e 'The Futurists' (1986)

O seu primeiro papel relevante chegaria com A Minha Bela Lavandaria (1985), que estreou na mesma altura de outro filme com a sua participação, Quarto com Vista Sobre a Cidade (1985), no qual contracenou com Helena Bonham Carter. Os críticos notaram a qualidade artística de Day-Lewis em ambos os filmes e a Associação de Críticos de Nova Iorque atribuiu-lhe o prémio de Melhor Actor Secundário.

Daniel Day-Lewis em Quarto com Vista Sobre a Cidade (1985). Foto: film.com.

O actor consegue depois o papel de protagonista em A Insustentável Leveza do Ser (1988), de Philip Kaufman. No filme, o actor tinha como colegas de cena Juliette Binoche e Lena Olin. Ainda nesse ano, Day-Lewis muda um pouco de estilo, fazendo parte de uma comédia, Um 'Gentleman' em Nova Iorque, que, contudo, não foi muito bem sucedido.

Daniel Day-Lewis e Juliette Binoche em A Insustentável Leveza do Ser (1988). Foto: thefancarpet.com.

No ano seguinte, Day-Lewis entraria no filme que lhe rendeu o primeiro Oscar da carreira: O Meu Pé Esquerdo (1989), de Jim Sheridan, no qual retrata de forma tocante um homem que sofre de paralisia cerebral e que só conseguia comunicar através do pé esquerdo, utilizando-o para pintar e escrever. Para poder desempenhar a personagem da melhor forma, o actor decidiu não sair da cadeira de rodas mesmo quando não estava em gravações.

Daniel Day-Lewis em O Meu Pé Esquerdo (1989). Foto: thebestpictureproject.wordpress.com.

Após este grande sucesso, Day-Lewis voltaria ao teatro, em 'Hamlet', mas teve de abandonar a produção devido a exaustão, não tendo regressado aos palcos desde então. Fez também um hiato no cinema, até voltar em 1992, quando protagonizou O Último dos Moicanos, filme que teve críticas pouco consensuais, mas que se revelou um grande sucesso nas bilheteiras. Havia quem duvidasse que um britânico pudesse interpretar um nativo americano, por isso Day-Lewis recusou o cigarro industrializado durante os meses de gravações, enrolando os próprios cigarros, como os índios moicanos no século XVIII. Além disso, o actor procurou viver nas mesmas condições selvagens que a sua personagem, caçando e pescando, nos meses que se precederam às gravações.

Daniel Day-Lewis em O Último dos Moicanos (1992). Foto: cine-fille.com.

Daniel Day-Lewis trabalhou depois com o realizador Martin Scorsese em A Idade da Inocência (1993). Colaboraria novamente com Jim Sheridan, no seu novo filme, Em Nome do Pai (1993), aclamado pela crítica, tanto que lhe rendeu mais uma nomeação para um Oscar. O actor ficou tão sensibilizado com o papel de um irlandês acusado injustamente de participar num atentado terrorista que pediu a cidadania irlandesa. Só voltaria em 1996, em As Bruxas de Salém, de Nicholas Hytner, um filme baseado numa das peças mais conhecidas do que era, na altura, o seu sogro, Arthur Miller. Voltaria a colaborar, uma vez mais, com Jim Sheridan, em O Boxeur (1997), mas a parceria não se revelou tão bem sucedida como havia acontecido anteriormente. O actor viveu então cinco anos em Itália, como sapateiro e completamente afastado do cinema. Só voltou ao grande ecrã em Gangs de Nova Iorque, convencido por Martin Scorsese, Leonardo DiCaprio e Harvey Weinstein. Como sempre muito empenhado na interpretação das suas personagens, o actor continuou a usar o sotaque carregado de Bill, dentro e fora das gravações, além de ter tido aulas com um verdadeiro talhante. O seu desempenho encantou a crítica.

Daniel Day-Lewis voltaria em Haverá Sangue (2007), como Daniel Plainview, papel que demorou um ano a preparar. Com esta interpretação, arrecadou vários prémios, incluindo um novo Oscar. Foi também protagonista do musical Nove (2009), no qual contracenou com Judi Dench, Nicole Kidman, Penélope Cruz, Marion Cotillard, Kate Hudson e Sophia Loren.

Daniel Day-Lewis em Haverá Sangue (2007). Foto: Beyond Hollywood.

O actor voltaria em 2012, com Lincoln, de Steven Spielberg, num retrato biográfico do décimo sexto Presidente dos EUA. O personagem seria inicialmente interpretado por Liam Neeson, que acabou por recusar o papel. Spielberg acabou por decidir que só realizaria o filme se fosse Day-Lewis o protagonista. Contudo, parece que foi mesmo o actor Leonardo DiCaprio que conseguiu convencer Day-Lewis a interpretar o papel, já que este estava hesitante, por não saber se estava à altura de fazer um papel tão icónico. A interpretação de Lincoln rendeu muitos prémios ao actor, vencendo BAFTA, Globo de Ouro, SAG, entre outros. E, claro, o Oscar para Melhor Actor. Com esta estatueta, tornou-se o primeiro actor a acumular três Oscars nesta categoria.

Daniel Day-Lewis em Lincoln (2012). Foto: cinemagia.ro.

Segundo o IMDb, não estão previstos quaisquer novos projectos para Daniel Day-Lewis, o que não é surpresa, visto que o actor costuma fazer alguma pausa entre papéis.

Foto: Coventry Telegraph.