Recomendações para o São Valentim

É Dia dos Namorados. Há quem dê importância a este dia como se de um verdadeiro dia de comemoração pessoal - ou até colectivo! - se tratasse. Outros há que não dão tanto valor ao 14 de Fevereiro (ou 12 de Junho, no Brasil, por exemplo). A verdade é que esta é uma altura propícia a lançamentos de filmes mais inclinados para o romance. "Date movies" (filmes para encontros) poderá ser o termo mais adequado.

A título de exemplo, este ano de 2013 não foge a esta lógica. Na última semana, estreou o filme francês A Arte de Amar (2011) e já esta quinta-feira (o próprio dia 14) estreia a comédia romântica Aguenta-te aos 40 (2012) a par de um Die Hard: Nunca é Bom Dia Para Morrer (2013) promovido propositadamente para o Dia dos Namorados. Sim, não é engano; é um filme de acção que está a ser publicitado como a receita ideal para este dia. Uma boa forma de chamar os/as que não têm namorada/o ou, até mesmo, uma boa forma de chamar os casais para uma ida ao cinema menos comprometida.

Na linha do que é A Arte de Amar, trago uma pequena lista de filmes que seguem o mesmo percurso argumentativo. A junção de várias histórias de vários casais, todas interligadas, porque todos se conhecem, de um modo ou de outro, é um dos "modelos" usados nas comédias românticas da última década. Uns melhores, outros piores, mas todos cumprem o propósito a que se submetem: entreter, fazer rir e encantar um determinado público-alvo.

Bradley Cooper e Julia Roberts em Dia dos Namorados. Foto: HotFlick.net

Dos três de que aqui vou falar, Dia dos Namorados (2010) é o mais recente. Será, talvez, o menos interessante. Muitas caras conhecidas (Ashton Kutcher, Patrick Dempsey, Jennifer Garner, Julia Roberts, Anne Hathaway, entre outros), várias histórias de amor, e algum humor. Tanto ao nível da paixão como ao nível da comédia, fica a desejar. Mas não deixa de ser uma boa proposta para esta altura. Não por acaso, a RTP transmitiu no último fim-de-semana este filme.

Mais engraçado e com perspectivas um pouco mais diferentes e, de algum modo, mais realistas, temos o filme de 2009 Ele Não Está Assim Tão Interessado. Também com um elenco assinalável (Scarlett Johansson, Bradley Cooper - comum ao elenco do filme anterior, curiosamente -, Ben Affleck, Jennifer Aniston e Drew Barrymore, por exemplo), é mais um filme de cruzamento de histórias de amor com a tónica assente na forma como, nas nossas relações, "lemos", correcta ou erradamente, os "sinais" que nos vão dando. Dentro do género, é um filme mais "cerebral" e ligado à percepção das relações do que propriamente da história romântica básica.

Por fim, um mais antigo mas o melhor (mesmo dentro do género, é aquele mais bem construído e bem feito): O Amor Acontece (2003). Uma produção europeia, já com 10 anos, que conta, também ela, com a participação de um elenco de luxo: Liam Neeson, Lúcia Moniz, Colin Firth, Hugh Grant, Emma Thompson e Keira Knightley, só para citar alguns. O cruzamento de histórias românticas, aqui, funciona melhor do que nos outros dois filmes.

Thomas Brodie-Sangster e Olivia Olson em O Amor Acontece. Foto: CineMagia.ro

Há drama, comédia, uma ligação mais "lógica" entre todos os elementos da trama e ainda inclui um Primeiro-Ministro britânico, pormenor que, provavelmente, dá o toque especial ao filme, retratando algo pouco "humano" e inalcançável - a vida privada de um chefe de Governo - como algo natural e exageradamente romântico. Também há espaço para amores diferentes, que não só o romance normal; ou para os pequenos dramas de relações menos felizes, transmitindo uma maior aproximação entre o espectador e a história que está a ser contada.

Além disso, de O Amor Acontece, retira-se uma das cenas mais bonitas dos últimos anos de cinema.